terça-feira, 8 de novembro de 2011

Inauguração do Espaço Cultural do Choro

Brasília vai ganhar no próximo dia 10/11, quinta feira, às 20hs, o Espaço Cultural do Choro. Projetado por Oscar Niemeyer, ele ocupa mais de dois mil metros quadrados de área construída no Setor de Divulgação Cultural, ao lado do antigo Clube do Choro, que funcionou durante mais de três décadas em uma sede provisória. Além do Café-Concerto, agora ampliado para 420 lugares, o Espaço abrigará a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabelo, com capacidade para mil alunos, e um futuro Centro de Memória e Referência do Choro, sob supervisão da Universidade de Brasília.

Com 33 anos de existência, o Clube do Choro é a mais tradicional instituição do gênero em todo o país. Desenvolve também, desde 1997, o mais duradouro e bem sucedido projeto de música instrumental já realizado no Brasil, voltado para o resgate e atualização da obra de grandes compositores da MPB como Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim, Villa-Lobos, Waldyr Azevedo, Ary Barroso, Garoto, Radamés Gnatalli, Tom Jobim e Dorival Caymmi, entre outros. Até agora foram 1.500 shows, envolvendo 2.500 músicos de todas as regiões do país, para uma platéia estimada em 500 mil espectadores, multiplicada pela audiência de emissoras públicas que gravam e divulgam os espetáculos para o Brasil inteiro, os países do Mercosul e as nações de língua portuguesa.

O Clube do Choro é tombado pelo Governo do Distrito Federal como "patrimônio imaterial de Brasília" e recebeu da Presidência da República a comenda da Ordem do Mérito Cultural. Apesar do sucesso indiscutível, que levou o historiador da MPB Sérgio Cabral a qualificá-lo de "uma das mais importantes instituições culturais do país", funcionava até agora em situação precária num prédio originalmente destinado a servir de vestiário para os funcionários do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.


INAUGURAÇÃO


Três shows marcam a inauguração do Espaço Cultural do Choro. A abertura ficará a cargo de Reco do Bandolim & Choro Livre, o mais antigo conjunto regional em atividade na Capital. Em seguida subirá ao palco o bandolinista baiano Armandinho Macedo, que ao lado do violonista Raphael Rabello, já falecido, fez nos anos noventa apresentações sem cachê com renda revertida para as obras de reabertura do Clube, então ameaçado de fechamento. A noite será encerrada pela orquestra Mantiqueira, de São Paulo, recriando grandes sucessos do Choro e da MPB.

A solenidade de inauguração marca o início das festividades que se estenderão até 17/12. Entre outras atrações, virão a Brasília o guitarrista Pepeu Gomes, o pianista João Donato, o multiinstrumentista Carlos Malta, o bandolinista Danilo Britto, a Traditional Jazz Band e o artista cubano Pepe Cisneros, com seu grupo Cuba 7. A temporada deste ano será encerrada com uma semana de apresentações de alunos da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. E o projeto para 2012 já tem nome: "Meu Caro Amigo Chico Buarque", inteiramente dedicado à obra do primeiro artista brasileiro vivo homenageado pelo Clube do Choro.

Como é de praxe no Clube do Choro, músicos da orquestra Mantiqueira (10/11), do grupo Pepe Cisneros e Cuba 7(11/11) e da Traditional Jazz Band (12/11) farão workshops com aulas gratuitas e abertas à população, em especial aos estudantes de música.

O ESPAÇO


A sala de espetáculos do mais novo pólo cultural da cidade tem 560 metros quadrados e é toda climatizada, com espaço para 105 mesas de quatro lugares. Dispõe de um amplo palco, mezanino com cabines de som, luz e vídeo, além de bar, restaurante e dois camarins localizados no subsolo. No prédio anexo, que perfaz mil metros quadrados, oito salas de aulas já recebem 750 estudantes de bandolim, cavaquinho, pandeiro, flauta, saxofone, gaita, violão de seis e sete cordas e viola caipira. Há também cabines de ensaio com previsão de tratamento acústico.

Haverá também um Centro de Memória e Referência do Choro, a ser montado com a assistência técnica da Universidade de Brasília. Brevemente estudiosos, pesquisadores e interessados poderão ter acesso a vídeos, discos, partituras e documentos relativos ao gênero musical que está na raiz da MPB. Instituições culturais e artistas de Brasília e de todo o país já estão sendo contactados para coleta de depoimentos e cessão de cópias de material histórico. O Espaço Cultural do Choro tem ainda um pátio de convivência de 500 metros quadrados, servido por uma lanchonete, para congregar alunos, artistas e frequentadores, que poderão se circular sob a marquise existente entre o Café-Concerto e a Escola.

O projeto de Oscar Niemeyer foi entregue ao presidente do Clube do Choro, Reco do Bandolim, em 2005, durante encontro no escritório do arquiteto, no Rio de Janeiro. Foi um presente de Niemeyer, que se declarou admirador do trabalho do clube pela cultura brasileira, além de telespectador dos shows tgransmitidos pelas TVs públicas. O Governo do Distrito Federal se encarregou da construção da obra, concluída este ano. E o Ministério da Cultura, através do Fundo Nacional da Cultura, financiou a aquisição de equipamentos de som, iluminação, vídeo, computadores e mobiliário.

Fonte: Sonia Palhares Marinho

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